A cada ano, o turismo movimenta trilhões em todo o mundo. O Brasil tem vocação pra ser um grande destino turístico, graças à sua natureza exuberante e à cultura popular tão rica. Mas o extenso litoral, com mais de 2 mil praias, a Mata Atlântica, a Floresta Amazônica, a gastronomia e os ritmos variados não são o bastante pra atrair visitantes. Pra realizar nosso potencial, é necessário pensar na infra-estrutura, identificar os pontos fortes de cada região, formar mão-de-obra capaz de dar assistência ao turista. O profissional indicado pra desempenhar tais funções é o turismólogo.
Foi em 1970 que surgiu a primeira graduação brasileira em turismo. Mas, ainda hoje, muita gente desconhece o fato de o bacharel nesse curso ser chamado “turismólogo”. Apesar disso, ao longo das últimas três décadas, o reconhecimento da profissão só tem crescido. A razão é a crescente demanda do mercado por um profissional capaz de elaborar políticas de turismo em nível municipal, estadual e federal e fomentar novos negócios, tendo o turismo como atividade principal.
Por não ser uma profissão regulamentada, o turismólogo compete no mercado de trabalho com graduados noutras faculdades. Mas essa realidade tem mudado, de acordo com o coordenador do curso de turismo da PUC Minas, Enaldo Souzalima: “O mercado entendeu que não dá pra continuar no amadorismo. É preciso um profissional capacitado e, por isso, o turismólogo tem sido valorizado”, garante.
A faculdade de turismo mescla conhecimentos de geografia, história, administração, ciências sociais, arte, patrimônio e estatística. Inclui também assuntos em voga, como ecologia, meio ambiente e responsabilidade social. A formação é complementada com estágios nos diferentes setores que a atividade abrange: do hotel àquela ONG que promove a formação técnica das comunidades que recebem os turistas. Vem daí, aliás, a grande importância social do turismólogo. Se for implementado com competência, o turismo gerará renda para o município, mais oportunidades pra comunidade local e ajudará a preservar o meio-ambiente. Ao capacitar a mão-de-obra nativa, haverá condições de dar assistência ao turista. Satisfeito, o visitante volta ou faz propaganda positiva da cidade. “Não basta levar pessoas a algum lugar. É fundamental que o impacto da atividade turística seja positivo pra natureza e a sociedade”, resume Enaldo.
Trabalhos de campo e viagem também fazem parte da formação do estudante. Nesse ponto, é bom deixar claro: o turismólogo deve ter paixão, sim, pela viagem. É importante entender o hábito de viajar como atividade geradora de renda, cultura e, até mesmo, de transformação pra sociedade. Entretanto, não vale confundir o turismólogo com um mochileiro. Enquanto se relacionam com o conteúdo da faculdade ou com obrigações do trabalho, as viagens, ainda que prazerosas, envolvem outro tipo de comprometimento.
É viajando que o turismólogo desenvolve sua sensibilidade e entra em contato com potencialidades e dificuldades do mercado nacional ou internacional. Ter um repertório de exemplos, de como o setor hoteleiro ou as prefeituras são organizadas nas diferentes cidades do Brasil e do mundo, pode servir de base pra futuros projetos. Mas a viagem não pode ser útil sem o conhecimento teórico.
Tradicionalmente, o turismólogo trabalhava em agências e operadoras de viagem, companhias de transporte, hotéis ou restaurantes. Esses são ainda espaços que ele ocupa, mas, hoje, o profissional circula também por outras áreas, como nas secretarias municipais, estaduais e outros órgãos públicos, empresas de promoções e eventos, nas ONGs. “A presença do turismólogo serve não apenas pra promover e organizar locais que já têm potencial turístico, como também pra criá-los”, explica o coordenador. Como? “Pode-se intervir numa região, valorizando sua gastronomia, história ou uma dança típica”, exemplifica.
Escolher o turismo é ter a chance de se enveredar numa atividade em expansão e com grande importância econômica, cultural e social. É preciso ter esses três fatores em mente, dentro da faculdade e no dia-a-dia da profissão. O turismólogo é importante pra ajudar a gerar riquezas, sem descuidar da preservação das cidades relacionadas com sua atividade, ou com o bem-estar das comunidades envolvidas. A coordenadora do curso da UFMG, Fabiana Andrade Bernardes Almeida, afirma sobre o perfil do profissional da área: “Ele deve ser empreendedor e estar comprometido com a sociedade”. Se você preenche esses requisitos, a faculdade de turismo pode ser a porta de entrada pra sua vida profissional. Fonte: UAL |